Artigos de Opinião

Filipa Fixe: “Já não é possível falar de saúde sem considerar o papel da tecnologia e da inovação”

Administradora executiva da Glintt

A tecnologia deve ser vista como um meio para atingirmos uma melhor saúde e qualidade de vida. É importante estarmos à frente da mudança tecnológica com serviços que colocam o cidadão no centro de toda a ação e lhes conferem autonomia para gerir a sua qualidade de vida, tanto na fase saudável como em situação de doença.

As unidades de saúde e as farmácias tomam cada vez mais partido das TIC, que se tornaram um apoio fundamental no seu quotidiano. A tecnologia que existe hoje em dia permite acompanhar cada cidadão, desde a fase da prevenção ao tratamento, possibilitando melhores cuidados de saúde, a custos controlados.

A experiência num hospital continua a ser: chegar, dirigir-se a um posto administrativo e/ou passar por uma triagem, consultar um médico, ser encaminhado para um médico especialista, receber alta e/ou continuar a ser seguido no hospital. Este é um processo moroso, caracterizado pelas longas esperas e períodos sem qualquer tipo de informação, para um consumidor habituado a ter a conta bancária, por exemplo, sempre à mão. A triagem podia ser feita, por exemplo, por um algoritmo pré-definido e/ou com um chatbot, dependendo da severidade, que identifica se o utente tem de se dirigir à sala de urgência ou se pode ser atendido, remotamente, através da realização de uma teleconsulta, ou ainda, se deve dirigir-se a uma unidade de cuidados primários.

Se a informação de saúde acompanhar cada um de nós ao longo do nosso percurso de vida estamos a contribuir para um maior envolvimento de cada cidadão, o que conduzirá com certeza a melhores resultados em saúde. Podemos criar uma app para smartphone, para ser utilizada pelo utente, através da qual este pode monitorizar o seu bem-estar, durante a fase saudável, e facilitar a realização de teleconsultas, durante a fase da doença.

A telemedicina pode trazer mais-valias muito relevantes para o estabelecimento de uma relação de maior proximidade com o utente, contribuindo para benefícios imediatos com impacto no seu bem-estar e recuperação do respetivo estado de saúde. Em contexto de cuidados de saúde primários, a telemedicina pode facilitar a realização de consultas de especialidade no centro de saúde, nomeadamente em situações de pré-operatório em que o follow-up do médico pode ser efetuado de forma remota, sem a necessidade de deslocações ao hospital que causam desconforto ao doente e contribuem para custos desnecessários.

A telemedicina pode também representar um excelente contributo para os profissionais de saúde que realizam consultas ao domicílio. Estes podem apoiar-se nesta ferramenta para estabelecerem ligação aos colegas que se encontram no hospital e assim, obter feedback quanto à situação do doente, o que contribui para uma maior confiança na tomada de decisão clínica.

Existem atualmente exemplos muito interessantes no mercado. Ao longo do ano, desenvolvemos eventos onde apoiamos projetos que são a prova de que somos uma boa montra ao nível tecnológico, capazes de chegar ao nível do melhor que se faz na Europa. Estes projetos estão, muitas vezes, fechados dentro das instituições onde foram desenvolvidos, por isso dar palco é importante para dar a conhecer os melhores projetos tecnológicos ao serviço da saúde, nomeadamente para ajudar a promover a replicação para outras entidades.

Temos de estar atentos às tendências mas principalmente às necessidades não só dos doentes como também dos profissionais de saúde. Por exemplo, é muito recorrente ouvir os profissionais de saúde comentarem que passam muito tempo em frente ao computador, restando-lhes pouco tempo de consulta para dar a devida atenção ao doente. Para colmatar este constrangimento, a Glintt desenvolveu uma aplicação de reconhecimento de voz que permite transcrever para texto a informação clínica em análise pelo profissional de saúde, a qual será integrada no respetivo processo clínico.

Caminhamos, hoje em dia, para uma visão centrada no cidadão, onde a tecnologia é a base. A informação sobre o utente deve circular e não ficar confinada ao centro de saúde ou hospital. Só assim vamos conseguir uma melhor sustentabilidade na área da saúde com melhores resultados para cada um de nós: viver mais anos e com mais qualidade de vida.


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