Em 2020, o conceito de viver em comunidade, tal como o conhecíamos, sofreu um forte abalo e questionamento. Como se de um livro (A Peste) de Albert Camus se tratasse, de um momento para o outro as nossas capacidades de resiliência e sobrevivência foram colocadas à prova.
Saindo do domínio da literatura, longe de uma comunicação social sensacionalista, do pânico generalizado e de tremendas restrições sociais, a mais do que provável descoberta e identificação, a curto-médio prazo, de novos vírus – passíveis de provocar doenças, nomeadamente do tracto respiratório, e epidemias –, bem como a pressão crescente nos serviços de saúde, exige um maior investimento neste setor.
Aliar a contratação de profissionais de saúde ao investimento em tecnologia, com o objetivo de prestar melhores serviços à população, parece ser a solução. O impacto positivo da urbanização inteligente está comprovado em vários domínios, e o da saúde não é exceção.
O segredo? Está no ouro do século XXI: os dados.
Criar uma rede de recolha e análise de dados, usando tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), Cloud Computing e Big Data, para mapear os problemas e arranjar soluções, maioritariamente tecnológicas, é o caminho predestinado.
A análise de dados permite-nos reconhecer sinais precoces de certas doenças e identificar os grupos mais expostos às mesmas; permite armazenar num só local todos os exames médicos, histórico de consultas e medicação, por forma a ser acessível ao utente; e permite também realizar processos de triagem no conforto do lar, evitando a sobrecarga nas urgências, com o auxílio de tecnologias apoiadas em Inteligência Artificial, Machine Learning e Chatbots.
As possibilidades são imensas. Desde aplicações que permitem monitorizar a atividade física, com possibilidade de chamar uma ambulância em casos de emergência, às teleconsultas. O panorama mudou, em parte pela pressão sentida nos serviços de saúde. Convém aproveitar o empurrão para continuar a evoluir neste setor.
Qual o segredo aqui? A criatividade.
Nos EUA, a aplicação Pulse Point, junta voluntários com formação em primeiros socorros e um sistema de geolocalização, para prestar os cuidados iniciais numa emergência. Consoante a localização do voluntário, é acionado um alerta que informa que há um incidente na vizinhança, e enquanto se espera pela ambulância, a vítima pode ser auxiliada antecipadamente, aumentando as hipóteses do sucesso do seu tratamento.
Aqui está o futuro, no presente.
Encontrar na tecnologia uma aliada que no desenvolvimento da capacidade de sentirmos empatia e nutrirmos sentimentos de preocupação, e de cuidado, mesmo com desconhecidos.
Quando assim é, coisas bonitas acontecem. E mesmo a saúde pública torna-se mais sustentável.