Artigos de Opinião

Beatriz Dias: “O advento das casas inteligentes”

Beatriz Dias,
Estudante de MGSI no ISCTE

Abílio Oliveira,
Professor no ISCTE, Investigador no ISTAR,
Diretor da Pós-Graduação em Informática Aplicada às Organizações

Ainda não há muito tempo, pensava-se que as casas inteligentes eram sinónimo de luxo, ostentação e uma boa dose de ficção científica. Porém, a tecnologia cada vez mais avançada, e mais acessível, tem ajudado a transformar a nossa realidade social, aproximando-a do mundo virtual.  A automatização das (várias funções desempenhadas pelas) casas é hoje uma realidade bem presente e em progressiva expansão. Desde smart speakers a smart lamps, as vendas em sites como a Amazon (e tantos outros), dispararam nos últimos tempos, com um aumento significativo durante a dita fase de pandemia. Muito mais do que uma instalação física, uma casa inteligente é sinónimo de conectividade, praticidade e inovação, e está cada vez mais à disposição de muitas carteiras.

Sugerimos um pequeno exercício mental: imagine que é hora de regressar a casa depois de mais um dia de trabalho, e a ânsia de chegar ao conforto do seu lar aumenta. Já dentro do carro, a poucos quilómetros de casa, através de um botão no GPS, é possível anunciar a sua chegada dentro de instantes, permitindo assim a magia tecnológica acontecer. A residência, com o sinal dado e com a programação prévia, começa a realizar uma série de tarefas para que o seu regresso seja o mais cómodo possível. O ar condicionado liga automaticamente, para garantir uma boa temperatura ambiente, os estores e os cortinados começam a abrir-se, as luzes se necessário acendem-se e a cafeteira elétrica pode até começar a preparar um café. Se não quiser preocupar-se com o jantar, pode fazer um agendamento no seu restaurante preferido e questionar como está o trânsito até lá, através de um dispositivo de Inteligência Artificial, que efetua tarefas por comandos de voz, um chamado smart speaker. Desde pedir um Uber, adicionar lembretes ou produtos à sua lista de compras, a fazer publicações nas redes sociais, estes dispositivos têm-se revelado uma mais-valia para o dia a dia. As possibilidades são imensas, smart cameras que permitem monitorizar a casa através do telemóvel, fechaduras digitais que permitem a identificação e o aceso a casa através da impressão digital de quem estiver registado no sistema, robôs de limpeza e smart lamps, que possibilitam não só o controlo da iluminação pelo telemóvel, como a elaboração de ambientes aconchegantes.

Muito mais do que um espaço de conforto, uma casa inteligente acaba por ser um repositório de dados que consegue armazenar as preferências de cada morador, os seus hábitos de consumo e a sua rotina, reunindo assim informações valiosas para terceiros. Claro que há sempre ‘o outro lado’, claro que quantos mais dados estiverem registados num sistema, maior é a probabilidade de muitas das suas rotinas, do que faz, do que gosta e até de muitos pormenores pessoais poderem ser acessíveis e utilizados por terceiros (seja por motivos comerciais, ou por muitas outras razões, mais ou menos obscuras). O conforto que as tecnologias proporcionam, nem sempre rimam da melhor forma com segurança da informação e privacidade. Sendo que um ambiente, quanto mais digital se torna, mais vulnerável fica, seria desejável que os moradores, as seguradoras e os governos, se unissem para elaborar um plano focado na proteção da propriedade digital.

Em qualquer caso, entre os riscos inerentes e a praticidade associada, as casas inteligentes trazem a promessa da comodidade à distância de alguns cliques.


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