Artigos de Opinião

Abílio Oliveira: “A mente concetualiza, a computação soluciona e a cidade evolui”

Abílio Oliveira
Professor no ISCTE,
Investigador no ISTAR
Diretor da Pós-Graduação em Informática Aplicada às Organizações

As cidades inteligentes fazem-me lembrar a educação: para haver educação têm que existir educadores, i.e., quem consiga ajudar a despertar nos ‘outros’ (educandos) as suas potencialidade e o que têm em si de melhor; ora, para haver cidades inteligentes têm que existir agentes que saibam observar, analisar e incentivar a evolução das cidades. Mas, que evolução? Numa certa perspetiva é melhorar a sua eficiência, utilidade e desempenho. O que é complexo… Temos que considerar inúmeros indicadores (ao gosto da ciência de dados) para analisar o que se passa a outros tantos níveis, que abrangem o desenvolvimento económico, gestão financeira, gestão patrimonial, comércio local, espaços verdes, proteção da Natureza, cultura, recreação, ensino, emprego, comunicação, energia e transportes limpos, sistema de saúde, infraestruturas básicas, reutilização e reciclagem, inclusão social, etc.. Só considerando a gestão energética, as redes digitais, a adoção de tecnologias e a inclusão digital, podemos falar de uma sociedade de informação numa cidade moderna, inteligente. A tecnologia que permite produzir, captar, transformar, partilhar e difundir energia das mais variadas formas, trespassa todos os itens referidos. Como a energia é vida, então a vivência que fomentamos é impossível sem ciência da computação e da informação. Logo, precisamos de inteligência (e consciência) para desenvolver cidades inteligentes, sustentáveis e amigas do ambiente, com qualidade de vida. O seu desempenho depende, a cada nível, de: 1) Conhecer o que há a criar, corrigir, reestruturar, inovar ou adaptar; 2) Perceber as implicações e prioridades que as questões acarretam; 3) Verificar que meios envolvem; 4) Estudar os requisitos a satisfazer, e concetualizar os devidos sistemas a desenvolver; 5) Verificar os impactos destas soluções, de forma transversal, e que meios ou infraestruturas exigem; 6) Acompanhar o desenvolvimento de soluções integradas, éticas e inteligentes; 7) Ouvir a opinião pública e vários interlocutores, aperfeiçoando as soluções ao longo do tempo; 8) Difundir o que se desenvolve para o bem comum. Nada disto se consegue sem tecnologias de informação e comunicação, sem computação aplicada, sistemas de informação, IoT, inteligência artificial, e tudo o mais que permite que aquilo que se imagina, possa ser desenvolvido, implementado e atualizado, respeitando a Natureza, a liberdade pessoal e social, suscitando a responsabilidade social e promovendo a cidadania digital. Ao ser distinguida como Capital Verde Europeia 2020, e pelo trabalho que está a desenvolver, a cidade de Lisboa está na vanguarda deste movimento das cidades inteligentes. Realmente, o termo smart city parece-me insuficiente… Os importantes avanços tecnológicos têm que rimar com a proteção dos recursos que temos e uma economia verde, pela preservação deste belo planeta. Uma cidade inteligente é uma cidade que se enquadra no ambiente natural que ocupa, compreende e responde às nossas necessidades, sabe usar o digital, respeita a vida, valoriza a pessoa e promove o social!


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